Sunday, April 26, 2009

E depois do Adeus

Se me perguntassem que dia da História gostaria de ter vivido e não vivi, a minha resposta seria rápida e pronta:

Sem sombra de dúvida o 25 de Abril de 1974!!!!

Gostava mesmo de ter estado no largo do Carmo, ter conhecido Salgueiro Maia, ter assistido à revolução, talvez a mais pacifica de todas. Sabemos que é uma revolução muito à Português, muito cheia de improviso mas ainda assim absolutamente extraordinária.
Aqui em casa sempre se falou abertamente de política, sempre desde que me lembro, que já nasci depois desta data maravilhosa. O meu pai sempre nos explicou, a revolução o melhor que pode, sempre nos contou o antes e o depois. É engraçado como ainda se lembra de todos os pormenores desse dia, em que estava a trabalhar e segundo ele se sentia uma mudança no ar. Lembra-se da televisão e dos jornais no dia seguinte e eu lembro-me como sempre nos contou como com a liberdade vieram não só os direitos como os deveres. Contou-nos e conta a emoção e a loucura do primeiro 1º Maio, as primeiras eleições e como ele e a minha mãe passaram horas na fila só para poderem votar. Contou-nos como eram rigidos os apoiantes do regime e como lhe foi instaurado um processo disciplinar, porque ao transportar o tripulante afecto ao regime, tinha o botão do colarinho desapertado e o nó da gravata um pouco largo, num dia quente de Julho. Contou-nos como um ano depois, quando o meu pai o transportou novamente ele lhe disse para tirar a gravata e o meu pai lhe respondeu para ele apertar bem a dele e de preferência com alguma força!

Já escrevi sobre isto, e continuo sem perceber o porquê dos miudos de agora não saberem e não quererem saber nada sobre este dia fantástico, porquê que as escolas não falam mais sobre o 25 de Abril e sobre os Capitães de Abril.
Continuo a admirar o Capitão Salgueiro Maia como no dia em que vi o documentário sobre a sua vida antes e depois da revolução. Era um homem extraordinário com um sentido de liderança enorme. Extremamente divertido mas ainda assim um pouco amargurado com o pós revolução.
Continuo a admirar homens que lutaram pela nossa liberdade. Homens que não precisavam de ter passado pelo que passaram, porque viviam confortavelmente, mas ainda assim eram uns inconformados e lutaram. Homens como Mário Soares e Alvaro Cunhal, ainda que este ultimo se tivesse tido oportunidade nos teria "vendido" ao regime comunista.

Sinto-me sempre comovida e agradecida neste feriado!
A banda sonora deste dia é sem dúvida o E depois do Adeus!

1 comment:

F Nando said...

A minha memória é bem viva desse dia e aquela pergunta: onde estavas no 25 de Abril eu respondo: Andava no liceu e foi um dia em que apesar dos meus 14 quase 15 anos tive consciência de que algo muito importante se passava pois já tinha havido uma "partida em falso" em Março. Estive no dia 25 no Carmo e de repente passou por mim as imagens que nesse dia passou na televisão, nessa altura não havia directos. Continua a ser um dia importante e se ainda não foste vai até ao Quartel do Carmo vai à descoberta do 25 de Abril é só até amanhã.
Bjs

 
badge